A foto foi postada á direita, de propósito |
O ditador Saddam
Hussein melhorou a educação e a saúde no Iraque. Em 1982, a UNESCO concedeu ao
Iraque um prêmio por implementar uma política de educação para tentar erradicar
o analfabetismo do país. O número de pessoas alfabetizadas cresceu de 52% para
80% entre 1977 e 87. O líder iraquiano também aumentou em cerca de 30% o número
de estudantes na área primária. Construiu e ampliou universidades públicas. O
total de universitários entre 1968 e 1980 dobrou.
Uma das suas prioridades foi a inclusão de
mulheres na educação e também aumentar o direito delas na sociedade iraquiana.
Em 1991, conseguiu elevar o número de mulheres para 30% no corpo docente das
universidades – pode parecer baixo para padrões ocidentais, mas é gigantesco
para o mundo árabe.
Até 1990, 97% da população urbana e 71% da
população rural tinha acesso à saúde universal e gratuita na ditadura de Saddam
Hussein. O ditador iraquiano investiu pesadamente em faculdades de medicina sofisticadas,
como a de Mosul, uma das melhores do Oriente Médio na época, e em hospitais
públicos.
A mortalidade infantil despencou de 80 por mil
habitantes para 40 por mil de 1974 a 1989 com o programa de saúde pública de
Saddam. O líder iraquiano também fez enormes investimentos em infraestrutura,
inclusive contratando empreiteiras brasileiras ao longo dos anos 1970 e 80.
Para completar, Saddam protegia algumas minorias religiosas, como os cristãos,
enquanto perseguia outras.
Saddam atingiu todos estes objetivos apesar de
uma sangrenta guerra contra o Irã nos anos 1980, que deixou 1 milhão de mortos.
O cenário para o ditador iraquiano começou a piorar a partir da sua frustrada
invasão do Kuwait e consequente Guerra do Golfo em 1991. Seu regime foi alvo de
sanções internacionais e de um embargo americano. Todos os seus avanços na
saúde e educação foram perdidos nos anos seguintes. Em 2003, Saddam foi deposto
em invasão americana.
O curioso é que, mesmo nos anos 1980, quando
Saddam produzia ótimos resultados na saúde e na educação, ele não era
idolatrado por ninguém. Sempre foi visto, corretamente, como um ditador
sanguinário que perseguia opositores, censurava a imprensa e eliminava
totalmente as liberdades democráticas.
Alguns argumentarão que Saddam usou armas
químicas contra curdos. Verdade. Estas ações se intensificaram no fim nos anos
1980 e são condenadas internacionalmente.
Enfim, Saddam sempre foi tratado como ditador
independentemente de suas conquistas na área da saúde e da educação e pela
redução na desigualdade social e de ter sido alvo de sanções internacionais (no
caso, do mundo todo, não apenas um embargo dos EUA). Por este motivo, Fidel
Castro, que assumiu o poder em uma Cuba que tinha a terceira renda per capita
da América Latina, atrás da Argentina e da Venezuela, também deve ser chamado
de ditador apesar de seus avanços na área da saúde e da educação. Ditador é
ditador.
Sem dúvida Saddam foi mais sanguinário, mas Fidel
também foi sanguinário – e convenhamos que o contexto de uma ilha sem divisões
sectárias é mais simples do que uma nação no coração do Oriente Médio.
E podem me dizer - "O Saddam tinha apoio dos
EUA nos anos 1980". Verdade. E Cuba tinha da União Soviética. E,
convenhamos, os EUA fizeram duas guerras contra Saddam. Fidel, no máximo, foi
alvo de uma invasão mal organizada na baía dos Porcos.
E olhem que nem vou entrar na questão de Bashar
al Assad, que também garantiu educação e saúde gratuita não apenas para os
sírios, como também para refugiados palestinos e iraquianos. Claro, assim como
Fidel e Saddam também é sanguinário – embora fosse menos do que os dois antes
da Guerra da Síria, em 2011. E, claro, é ditador.
Por GUGA CHACRA, ao Estadão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário