A audiência pública promovida
pelo Ministério Público e a Câmara de Vereadores aumentou as discussões sobre
duas questões do Sistema Único de Saúde: A situação do Pronto Atendimento
Municipal (PA) e o serviço de obstetrícia (realização de partos) no Hospital
Dona Lisette. Mais de 150 pessoas ouviram o posicionamento da Diretoria do
hospital, secretário de saúde, gerente da saúde, prefeito e o promotor de
Justiça da Comarca de Taió, Bruno Bolognini Tridapalli. Depois de quase três
horas de pronunciamos, justificativas, teorias e promessas, o MP vai
estabelecer um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), entre o município de o
hospital para garantir o atendimento digno e eficaz.
A audiência começou pontualmente
às 19 horas com a explanação do Promotor que apontou dois problemas sobre a não
realização de partos pelo Sistema Único de Saúde: A falta de profissionais,
tanto de médicos quanto de auxiliares, como enfermeiros, técnicos e instrumentadores. Outro problema está na
falta de comunicação entre os postos de saúde e ambulatórios e o hospital para
o monitoramento das gestantes que estão realizando pré-natal. Essa informação seria essencial para mensurar
a quantidade de partos por mês.
No Pronto Atendimento Municipal
(PA), quando um paciente chega, o médico que faz o internamento precisa se
responsabilizar pelo paciente ou achar outro médico que se responsabilize. Não
há encaminhamento à médico especialista. No relatório apresentado, o Promotor
também constatou que o médico plantonista que atende fica responsável pelo
paciente, não há outro profissional de sobreaviso. Depois foi a vez de ouvir os
relatos de profissionais médicos, que apresentaram diversas queixas, como a má
remuneração e falta de sintonia entre os ESFs, Pronto Atendimento, Hospital e
profissionais. Algumas indagações não foram respondidas e uma alternativa foi
apresentada pelo médico Paulo Campos, de a comunidade evangélica passar o
hospital para o município.
O pronunciamento do Gerente de
Saúde da SDR de Taió, Tercílio Bonessi, não convenceu os participantes, além de
extenso, o discurso de “transformar o hospital em referência regional” vem se
repetindo desde a implantação da Secretaria Regional em Taió. O prefeito Hugo
Lembeck (PMDB) falou sobre as viagens à Brasília e a capital estadual em busca
de recursos para implantar a Rede Cegonha. Já o secretário municipal de saúde,
Klaus Dieter Diel, apresentou dados dos atendimentos prestados pelo município e
os custos para manter a estrutura do Pronto Atendimento Municipal.
A presidente do Hospital Dona
Lisette Úrsula Hosang, falou do comprometimento da diretoria e da comunidade
evangélica com o atendimento e da dificuldade de manter aquela estrutura. Ela
também relatou como era a situação em outras administrações. O Diretor
Executivo da Associação de Hospitais do Estado de SC, Braz Vieira, falou sobre
a situação dos 191 hospitais que atendem SUS. Segundo ele, destes, 101
hospitais tem menos de 50 leitos e não estão aparelhados, 41 tem menos de 30
leitos e poderão ser “rebaixados” pelo Ministério de Saúde.
“Os problemas ainda virão, porque
os técnicos do Governo Federal ditam a politica sem reconhecer a realidade de
cada região do Brasil. E o MS não vai ajustar as tabelas do SUS”, disse. Em
média a tabela SUS paga 42% do custo dos atendimentos, seria o motivo dos
hospitais passarem por dificuldades. Outra questão é a situação
“Jurisdicional”, onde os médicos não têm mais a pré-disposição de atender quando
não se sentem seguros. Vieira também abordou a questão que não há recursos de
governo para subsidiar os custos dos hospitais, segundo ele, seria a melhor
alternativa em curto prazo.
O promotor também concordou que a
remuneração do SUS é inadmissível, mas avaliou positivamente a audiência. “A
população expos suas ideias de forma respeitosa, educada, ponderada e todas as
partes envolvidas fizeram suas colocações. Infelizmente não temos o poder de
alterar a tabela SUS, mas não somos homens públicos para apresentar defeitos e
sim buscar soluções”. O MP vai agora colocar uma proposta no papel para ter a
garantia de ambas a as partes e por fim homologar um acordo entre Hospital e
Município. O MP também convidou os médicos do município para organizar uma tabela
de custos adequada para atrair profissionais no PA e hospital. A população
aguarda ansiosa.