Uma operação da Polícia Civil de
Ituporanga desmantelou na manhã de ontem, um esquema de trabalho escravo em uma
fazenda de eucalipto, na localidade de Boa Vista. Dez trabalhadores, entre eles um menor de
idade estavam sendo mantidos em condições precárias. Todos foram encaminhados a
delegacia regional de Ituporanga, onde prestaram depoimentos. O menor foi
encaminhado ao Conselho tutelar.
Na ação, Valdecir Antônio
Rodrigues, 45, conhecido como Marronzinho foi preso em flagrante. Ele é acusado
de aliciar os trabalhadores e foi autuado por redução à condição análoga à
escravidão. Segundo o delegado Nelson Vidal, os trabalhadores eram submetidos a
condições deploráveis. “As condições eram degradantes, sem higiene, sem
banheiro e alimentação precária, com comidas sem condicionamento e expostas ao
tempo. Não havia lugar pra tomar banho, era uma situação subumana, uma situação
impactante”, relatou o delegado Vidal.
A polícia chegou ao local depois
de uma denuncia anônima, na segunda-feira. A Divisão de Investigação Criminal
foi averiguar a procedência no mesmo dia.
Na madrugada de ontem, oito policiais e dois delegados divididos em duas
equipes partiram para a operação. A
equipe comandada pelo delegado Nelson Vidal se dirigiu a fazenda onde estava a
situação irregular. A outra equipe comanda pelo delegado Gustavo Reis ficou de
prontidão para capturar Marronzinho, que arregimenta os trabalhadores.
Na fazenda os policias fizeram filmagens,
fotografias e um relatório com depoimentos dos trabalhadores e do menor de idade.
Valdecir foi preso quando tentava fugir. A polícia terá 10 dias para concluir o
inquérito. O inquérito será encaminhado ao Ministério Público do Trabalho e a Polícia
Federal. Todos os trabalhadores foram recrutados na cidade de Pinhão no Paraná.
Na fazenda, o grupo fazia o desbaste e a poda dos eucaliptos. Eles trabalhavam
mais de 11 horas por dia e ganhavam R$ 35,00 pelo serviço diário.
Segundo o delegado Vidal, nesse
crime não há indícios de ligação com produtores de cebola. Os proprietários da fazenda onde os escravos
trabalhavam também serão
investigados. A polícia vai averiguar se eles sabiam ou não dessa situação. Eles
poderão ser enquadrados no artigo 207, ausência de carteira de trabalho e
artigo 287 aliciamento de trabalhadores de um estado para o outro. A prefeitura
de Ituporanga providenciou as passagens de ônibus para o grupo retornar ao
Paraná. Marronzinho foi encaminhado para a Unidade Prisional da UPA.