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quinta-feira, 2 de maio de 2013

ENTREVISTA: Hugo Lembeck


Quando transferiu o domicilio eleitoral de Salete para disputar a prefeitura do município Taió, Hugo Lembeck (PMDB) sabia do desafio que tinha pela frente. Precisaria conquistar o eleitor taioense e ao mesmo tempo distanciar sua candidatura da administração municipal, que tinha elevados índices de rejeição. O fato de ser de outra cidade dividiu opiniões dos próprios peemedebistas, o fato foi a base, dos discursos dos opositores. O fato de “ser de fora”, no fim, contribuiu para o êxito. O ex-prefeito de Salete, ex-secretário da SDR de Taió, conseguiu romper a alternância no governo municipal de Taió e entrou para a galeria dos prefeitos que administraram mais de uma cidade. Ele concedeu a entrevista ao Alto Vale Notícias, em seu gabinete, as 19h, de terça-feira, depois de remarcar o compromisso que já havia sido agendado. O motivo? Um almoço inadiável na casa de um eleitor.

Você foi vitorioso nas eleições de outubro, as ações impetradas no TRE por seus adversários atrapalharam? Você ficou com aquela sensação de quem ganhou mais não levou?

Eu procurei não me ater muito a isso, mas indiretamente a gente acaba se envolvendo de alguma forma.  A gente perde o foco, precisa ir atrás de advogado, de processo para estudar a forma de defesa. Então, essa sensação de que ganhou mais não levou existe. Ainda não acabou, tem mais um recurso. Não tenho dúvida que nós vamos ganhar também. Porque a linha do relator do TRE foi de que o prefeito Ademar Dalfovo era uma coisa, e Hugo e Aristides outra coisa. Isso ficou muito claro. Nós procuramos nos distanciar da administração. O Ademar teve os méritos dele, fez de tudo para não comprometer o orçamento do município, mas fez o que tinha que ser feito.

Então você está tranquilo de que vai vencer em todas as estâncias?

Na verdade nós ganhamos a eleição por que trabalhamos muito e fizemos uma campanha independente, não vinculamos nada com a administração. E nós mostramos que iriamos fazer muitas coisas diferentes. Porque a população queria as mudanças, aqui sempre foi assim, com alternância do poder.  Nós conseguimos mostrar que mesmo sendo do mesmo partido, tínhamos outro foco e outro estilo de trabalho. Outra dinâmica.

Como colocar em prática essa mudança, aproveitando grande parte da equipe do ex-prefeito?
HUGO: Já começa pelos secretários, só aproveitamos o Klaus Dieter na Saúde. Mas acho que é o jeito do prefeito tocar. A cabeça mudou. Os funcionários efetivos são os mesmos, alguns diretores são os mesmos, mas foi uma mudança. Tive resistência porque mudei todos os Diretores de CEIs, eles acostumaram a trabalhar onde estavam. As mudanças acontecem de forma gradativa. Este ano vamos ter mudanças no visual da cidade, ela precisa de urbanização. Mais flores.

Qual está sendo o maior desafio?

HUGO: A questão da saúde. Temos que andar lado a lado com o Hospital e Maternidade Dona Lisette. Mas estamos com dificuldades. Já tivemos três reuniões, mas a diretoria acredita que a prefeitura precisa dar tudo. E nós sabemos que não é assim, tem coisas que são de responsabilidade do município, tem a parte que é de responsabilidade do Estado e a parte da União. E tem a responsabilidade da entidade. A União remunera muito mal os serviços do SUS.  O Estado ajuda pouco. Precisamos também ajustar as equipes médicas. Fazendo isso, poderemos ter os bebês nascendo no município, mas não temos como bancar isso sozinhos. A infraestrutura também é um setor complicado, na área urbana, na rural, estamos com muitas dificuldades. Foi muita chuva. Temos muitos pontos de estradas que não se pode trafegar ainda. Aos poucos vamos resolver.

Como está o setor de planejamento? Muitos projetos?

Quando eles falam que lá no governo federal tem muito recurso e falta projeto, isso é em alguns ministérios. Na Infraestrutura existem muito mais projetos do que recursos. Estamos cadastrando projetos em várias áreas, trabalhando na questão arquitetônica da revitalização da praça em frente à prefeitura. Ampliamos a equipe para isso.

E as obras que estão em curso, quando ficam prontas? E os projetos de pavimentação?

Temos dois postos de saúde com as obras em andamento, em 90 dias devemos entregar. São três Centros de Educação Infantil em construção, falta os projetos de urbanização, muros e calçamentos, deveremos colocar em licitação nos próximos dias. Até o fim do ano finalizamos essas obras. Não temos nenhuma obra de pavimentação. Temos alguns projetos, que serão laçados em breve. Vamos convocar os moradores para participar, fazer parcerias e montar o cronograma de execução. Todo o recurso do IPTU será destinado para o fundo de pavimentação, não vai ser usado para outra coisa.

 Como você avalia essa relação da população com o prefeito utilizando as redes sociais?

Essa aproximação com a população tem pontos positivos. Vez ou outra me mandam mensagem, respondo, mas é uma ferramenta importante. Mas às vezes as pessoas pecam em algumas colocações. Quando você vê uma floresta, a pessoa não pode só enxergar uma arvorezinha. A estrada está ruim, a pessoa tem razão em reclamar, mas precisa entender a situação. Às vezes falta equilíbrio das pessoas, mas precisamos nos adaptar aos novos tempos.

Como você divide seu tempo de prefeito, AMAVI, FECAM e compromissos na cidade?

Uma das funções do prefeito é a representatividade. Quando eu assumo um compromisso com alguém, eu dificilmente falto, seja num evento simples, ou não.  Sábado tenho um casamento, no domingo um aniversário. Eu me programo porque quando a pessoa convida ela quer a presença do Hugo e do prefeito. As pessoas contam com isso. A função como presidente da Amavi e vice-presidente da Fecam tira muito tempo do meu dia, mas por outro lado me ajuda. Lá a gente discute assuntos que abre o conhecimento, abre portas. Em função desses cargos eu preciso trazer alguma coisa de beneficio para o município. Ao longo dos anos isso vai acontecer. Eu venho pra prefeitura na maioria dos dias, às 7h e já saí daqui às 22 horas.

Você já se considera um Taioense?

(risos) Já, quando fui candidato eu já me considerava. Não é questão de ser, às vezes eu me engano ainda, mas isso é normal, porque já fui prefeito de Salete. Mas a partir do momento que me mudei, comecei a trabalhar aqui, passei a comprar no mercado aqui, ir à farmácia aqui, na missa, caminhar na rua. Estou ambientado com o município. Busquei viver e respirar o município de Taió.

Tem saudade de Salete?

Eu lembro sempre, devo muita coisa ao município de Salete, onde comecei minha carreira politica. Tive o apoio da população de lá na campanha, que foi muito importante para minha vitória aqui. As pessoas de Salete falavam bem da nossa administração. Porque não se pode medir uma administração nos primeiros meses. É como uma maratona e não uma corrida de 100 metros. 

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